FLIP 2008
Com grande atraso, mais de um ano, venho comentar a FLIP de 2008. Encontrei alguns papéis que usei para anotar coisas que vi naqueles três dias. Foram três excelentes dias, aliás. Paraty revelou-se um lugar muito agradável, e assim também foi quando retornei lá com meu amigo germânico Manuel Rickert, no final do mesmo mês de Julho. Aparentemente ele também gostou muito.
É revigorante estar entre pessoas que lêem, estando no Brasil. Clichê dizer isso, mas a FLIP é um evento bom para se conhecer pessoas e entrar-se em contato com idéias novas, boa diversidade de autores e as mesas sempre trazem idéias instigantes.
Em uma nota completamente não-relacionada com a FLIP, estava eu lendo uma crônica utilizada por amigos para a feitura de um curta metragem, aliás muito bem fotografado, quando comecei a pensar sobre o oficio de escritor. A crônica é do Luís Fernando Veríssimo, escritor por qual tenho grande admiração (apesar de ter lido pouco, as crônicas dele me parecem muito sinceras, simples, diretas) e versa sobre um escritor dizendo algo sobre escrever. Diz ele que o verdadeiro escritor, quando já disse tudo o que tinha para dizer, se mata. Se não, não escrevia. Escreve para expurgar os livros de dentro de si. No final, ele decide não terminar a carta de suicídio/texto que estava escrevendo pois afinal, isso implicaria em que ele tivesse que cometer suicídio. Sensacional essa hein? Vocês não viram ela chegando!
Essa coisa de querer colocar algo gênial para os outros lerem é uma característica da literatura. "Tenho que passar uma mensagem, tenho que ser sofisticado". Um bocado chato e pedante isso, no final das contas. O Veríssimo é bom ok, tá, o cara é demais. Mas essa idéia de que "o verdadeiro escritor se mata depois de terminada a sua obras" e frases (ou idéias) de efeito do tipo são chatas e pseudo-profundas. Isso simplesmente não é verdade. Você pode achar que é verdade se tem uma profundidade emocional/intelectual televisiva, novelesca, da vida.
Está claro que em nada se equipara a complexidade de, digamos, Hardware do Richard Stanley, aí sim, uma verdadeira meditação sobre a vida.
Aqui está um trailer não oficial deste filme:
De qualquer forma, outras variações da arte, como a música, não se tornam obcecadas em querer explicar para os outros como viver a vida, apesar de poderem conter grande sofisticação. Música é assim.