sábado, 29 de agosto de 2009

FLIP 2008


FLIP 2008

Com grande atraso, mais de um ano, venho comentar a FLIP de 2008. Encontrei alguns papéis que usei para anotar coisas que vi naqueles três dias. Foram três excelentes dias, aliás. Paraty revelou-se um lugar muito agradável, e assim também foi quando retornei lá com meu amigo germânico Manuel Rickert, no final do mesmo mês de Julho. Aparentemente ele também gostou muito.

É revigorante estar entre pessoas que lêem, estando no Brasil. Clichê dizer isso, mas a FLIP é um evento bom para se conhecer pessoas e entrar-se em contato com idéias novas, boa diversidade de autores e as mesas sempre trazem idéias instigantes.

Em uma nota completamente não-relacionada com a FLIP, estava eu lendo uma crônica utilizada por amigos para a feitura de um curta metragem, aliás muito bem fotografado, quando comecei a pensar sobre o oficio de escritor. A crônica é do Luís Fernando Veríssimo, escritor por qual tenho grande admiração (apesar de ter lido pouco, as crônicas dele me parecem muito sinceras, simples, diretas) e versa sobre um escritor dizendo algo sobre escrever. Diz ele que o verdadeiro escritor, quando já disse tudo o que tinha para dizer, se mata. Se não, não escrevia. Escreve para expurgar os livros de dentro de si. No final, ele decide não terminar a carta de suicídio/texto que estava escrevendo pois afinal, isso implicaria em que ele tivesse que cometer suicídio. Sensacional essa hein? Vocês não viram ela chegando!

Outra imagem do que é o centro histórico dessa sensacional cidade, meus amigos. Paraty!

Essa coisa de querer colocar algo gênial para os outros lerem é uma característica da literatura. "Tenho que passar uma mensagem, tenho que ser sofisticado". Um bocado chato e pedante isso, no final das contas. O Veríssimo é bom ok, tá, o cara é demais. Mas essa idéia de que "o verdadeiro escritor se mata depois de terminada a sua obras" e frases (ou idéias) de efeito do tipo são chatas e pseudo-profundas. Isso simplesmente não é verdade. Você pode achar que é verdade se tem uma profundidade emocional/intelectual televisiva, novelesca, da vida.

Está claro que em nada se equipara a complexidade de, digamos, Hardware do Richard Stanley, aí sim, uma verdadeira meditação sobre a vida.

Aqui está um trailer não oficial deste filme:



De qualquer forma, outras variações da arte, como a música, não se tornam obcecadas em querer explicar para os outros como viver a vida, apesar de poderem conter grande sofisticação. Música é assim.